
Este Post visa orienta-lo quanto a possíveis perguntas que podem surgir durante o acompanhamento de pacientes com DII e também assuntos que devem ser abordados.
Importante lembrar que, por vezes deve-se envolver a família da paciente no momento da orientação principalmente quando a paciente demonstra desejo de engravidar.
Se a paciente já estiver grávida, torna-se importante tirar dúvidas e contatar o obstetra e o pediatra visando dar maior tranquilidade a ela.
De forma didática, vamos fornecer estas orientações de acordo com as perguntas mais frequentemente realizadas pelas pacientes.
As mulheres com DII têm as mesmas chances de ter uma gravidez e um parto normal, como quaisquer outras mulheres.
A maior parte dos problemas ocorre quando as pessoas engravidam durante a doença na fase ativa.
Há informações que dão conta que mulheres que tem ileostomizadas, como tratamento da RCU ou da DC, têm a fertilidade um pouco reduzida.
Se esse procedimento não for urgentemente necessário e a mulher desejar ter filhos, aconselha-se conversar com o médico especialista sobre o melhor momento para a cirurgia.
Importante sempre conversar sobre as medicações com a paciente, principalmente em idade fértil, pois há uma tendência por parte dessas, de não adesão ao tratamento e, geralmente, isto não é comunicado ao médico que acompanha a paciente.
Entretanto medicamentos como o metotrexato e a talidomida, e mais recentemente o tofacitinibe, devem ser suspensos antes ou durante a gravidez, devido a possíveis efeitos tóxicos no desenvolvimento do feto ou do recém-nascido.
Neste caso, temos outro problema.
Se ele usa sulfassalazina, pode haver dificuldade dela engravidar porque este medicamento pode reduzir a contagem de espermatozoides.
Portanto, esta medicação deve ser substituída por mesalazina, com a devida aprovação do médico assistente.
Se o homem estiver em uso de metotrexato, deve suspender o uso da medicação por um período mínimo de três meses antes da concepção, para evitar a má formações do feto.
As mulheres, antes de engravidar, devem certificar-se de que estão fisicamente bem.
Não é uma boa ideia engravidar no período de crise da doença, no início de um novo tratamento, ou se estiver fazendo uso de corticoides, isso porque mais da metade das pacientes pode piorar ou manter atividade da doença durante a gravidez.
Importante não interromper o uso da medicação quando descobrir que estão grávidas, por medo de comprometer o bebê.
A doença pode se agravar durante a gestação, evoluir de forma ruim, aumentando a possibilidade de parto prematuro e aborto espontâneo.
A possibilidade de a criança ter defeitos congênitos não parece estar aumentada em gestantes com DII.
A paciente grávida também deverá manter o uso de medicamentos, segundo recomendação médica, mesmo que isso inclua o uso de esteróides (o médico provavelmente reduzirá a dose da medicação ou alterará o tratamento se necessário) ou fará algumas mudanças no tratamento se houver necessidade.
Em alguns casos, a DII melhora durante a gravidez.
Isso ocorre porque na gravidez, o corpo suprime o sistema imunológico para evitar a rejeição ao feto, mas em geral não interfere com a atividade da doença.
Se a doente estiver em remissão, a maioria das pacientes assim permanece.
Sabemos que existem vários fatores envolvidos no surgimento das DII, entre estes encontram-se fatores genéticos, ambientais (por exemplo, tabagismo) e imunológicos do próprio paciente.
Portanto, o fato da mãe ter DII não significa que o filho também terá.
A chance da criança nao ter DII, se apenas um dos pais tiver a doença, é de 95% e esta possibilidade ainda é pequena se os pais forem da religião judaica (90%).
Se ambos os pais tiverem DII, a chance da criança não ter DII é de 65%.
Sempre se deve mostrar a importância da gravidez planejada em função de cada esquema terapêutico.
Na maioria dos casos, a medicação em uso é segura e, como já dito antes, deve ser mantido durante a gravidez.
Se a condição da gestante muda, as dosagens e até a medicação poderão mudar também.
Sempre será avaliada a relação beneficio e risco para a mãe e a criança.
As medicações não devem ser suspensas sem orientação do médico assistente e, o médico obstetra deve estar ciente destas decisões assim como a paciente e seus familiares.
Veja abaixo uma lista das medicações mais comuns que estas pacientes podem estar utilizando:
A cirurgia é uma possibilidade e poderá ser realizada se houver risco para a paciente e, dependendo das opções cirúrgicas, deverá também ser avaliado o risco para o feto. As indicações são as mesmas das mulheres não gravidas.
Nas pacientes com doença muito grave, o risco para o feto torna-se maior caso a paciente não se submeta à cirurgia.
Porém a melhor atitude é, caso isso seja possível, esperar o final da gestação para só então realizar a cirurgia.
O tipo de parto deve ser por indicação obstétrica, mas sempre compartilhada com a paciente e a equipe multidisciplinar (obstetra, gastroenterologista e coloproctologista).
Algumas observações: no parto normal associado a episiotomia, o surgimento de Doença de Crohn perianal é incomum.
O parto normal está contraindicado em pacientes com DC perianal ativa ou com envolvimento retal com atividade, entretanto nas pacientes que já tiveram doença perianal, mas no momento está se encontre inativa, o risco de recaída da DC perianal é baixo. Nas pacientes com RCU operadas, é necessária orientação do médico especialista.
A presença de bolsa ileo-anal ou anastomose ileoretal nas mulheres com DII pode ser indicação relativa para cesariana, mas a decisão deve ser individualizada.
A amamentação por mães sem DII, tem sido associada a um efeito protetor no desenvolvimento precoce desta doença na criança.
No caso das mães com DII, a amamentação não está associada a risco aumentado de recaída de doença, podendo ter até um efeito protetor.
Durante a amamentação está contraindicado o uso de Metotrexato, ciclosporina, metronidazol, ciprofloxacina, tofacitinibe.
Todos os outros medicamentos, inclusive os biológicos, não são contraindicados durante amamentação, sendo considerados de baixo risco para a criança.
Evitar uso de “bombinhas” para retirar leite. sociada a risco aumentado de recaída de doença.
Se utilizando corticoide ou azatioprina, o ideal seria um prazo de 4 horas de intervalo após o uso da medicação para amamentar.
1. C.J. van der Woude, S. Ardizzone, M.B. Bengtson, G. Fiorino, G. Fraser, K. Katsanos, S. Kolacek, P. Juillerat, A.G.M.G.J. Mulders, N. Pedersen, C. Selinger, S. Sebastian, A. Sturm, Z. Zelinkova, F. Magro, for the European Crohn’s and Colitis Organization (ECCO); The Second European Evidenced-Based Consensus on Reproduction and Pregnancy in Inflammatory Bowel Disease, Journal of Crohn’s and Colitis,2015: 9(2) :107–124
2. J P Miller, Inflammatory bowel disease in pregnancy: a review. J R Soc Med. 1986;79(4):221-5.
3. Briggs GG, et al. Drugs in Pregnancy and Lactation. 5th ed. Philadelphia, Pa: Lippincott Williams & Wilkins; 1998.
4. Huang VW, Chang HJ, Kroeker KI, et al. Management of Inflammatory Bowel Disease during Pregnancy and Breastfeeding Varies Widely: A Need for Further Education. Can J Gastroenterol Hepatol. 2016;2016:6193275.
5. Mahadevan U1, Wolf DC, Dubinsky M, Cortot A, Lee SD, Siegel CA, Ullman T, Glover S, Valentine JF, Rubin DT, Miller J, Abreu MT. Clin Gastroenterol Hepatol. 2013 Mar;11(3):286-92;
6. Kanis SL and van der Woude CJ. Mistakes in inflammatory bowel disease and reproduction and how to avoid them. UEG Education 2016:16:20-23
7. Mahadevan, Uma et al. Inflammatory Bowel Disease in Pregnancy Clinical Care Pathway: A Report From the American Gastroenterological Association IBD Parenthood Project Working Group. Gastroenterology, 2019, 156 (5) :1508 – 1524
Compartilhe conhecimento! S2
Dra. Marcella Sousa CRM-SP 148489
É coloproctologista e cirurgiã pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Possui título de especialista pela associação médica brasileira e pela sociedade brasileira de coloproctologia. Atua em São Paulo desde 2015 auxiliando pacientes da rede privada e do SUS nas diversas áreas da especialidade. Tem como objetivo em seus atendimentos, além da ciência e atualização, proporcionar um ambiente com muita tranquilidade, confiança e empatia durante as consultas.
Endereço da clínica:
Av. Dr Cardoso de Melo 1666. conj. 12 – 1 andar
São Paulo – Vila Olímpia. CEP: 04548- 000
Telefone: (11) 23728235
Consulta Coloproctologista em São Paulo
Não sinta vergonha ou medo de se consultar com o proctologista, mas como em qualquer outra área da saúde, o profissional nunca vai julgar ou desprezar a doença do paciente.
Já sabe quando procurar um Coloproctologista?
É comum que as pessoas procurem um gastroenterologista ou clínico geral ao se deparar com problemas no intestino, mas o proctologista é o especialista na área. As doenças no intestino, reto ou ânus que são mais frequentemente tratadas por ele são: fissuras anais; hemorroidas e incontinência anal; doença de Crohn; infecções intestinais; câncer no intestino grosso e reto; inflamações como retocolite e diverticulite; diarreias ou constipações crônicas; tumores benignos; síndrome do intestino irritável; doenças sexualmente transmissíveis no reto ou ânus.
Direitos reservados @dramarcellasousa – Feito com ❤️️ por @ricardomenck
Atendimentos e Consultas Particulares somente em São Paulo – Canal do WhatsApp destinado para Agendamentos!